quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

JORNALISMO, “SESSÃO BASTEIROL” E “REPETIR DE NOVO”

A cada dia que passa os meios de comunicação, especialmente o jornalismo, destacam os crimes praticados por menores, o caso do menino João Helio, onde os pais são da classe alta, está ganhando mais ênfase na mídia, e trouxe a tona uma discussão muito antiga: “as falhas na legislação brasileira”. Mas devemos lembrar que este não é um caso isolado, em Maceió, no ano de 2002, Sueli – grávida de cinco meses – e Marcelo, caminhavam pela praia de pajuçara e foram levados por quatro pessoas, dois adultos e dois menores, em seguida eles foram estuprados e mortos a facadas. O destaque deste caso foi o fato de que Sueli teve uma estaca cravada em seu olho esquerdo – todos os elementos deste fato eram pobres. Ou seja, todos os dias acontecem crimes monstruosos em todo o Brasil, seja ele praticado por um menor ou adulto. O caso é que diante da gravidade dos fatos, o jornalismo brasileiro não está empenhado em cumprir com o seu verdadeiro papel social, ou melhor, sua obrigação social, que é o direito a informação para todos, sem interesses políticos e econômicos.
O não cumprimento do código de ética dos jornalistas brasileiros é crime, mas como diz um ditado popular: “o brasileiro sempre dá um jeitinho”. Esse processo de burlar as leis dos jornalistas, já vem sendo moldado desde o período do Brasil colônia, quando era proibida toda e qualquer forma de imprensa. Tal censura acabou com a chegada da família real portuguesa ao país no início do século XIX. Cerca de 80% da população eram escravos e analfabetos, eles não podiam ter acesso ao conhecimento, eram excluídos dos diretos civis e políticos. Foi quando os loucos letrados começaram a estabelecer a palavra imprensa para eles. “A relação estabelecida com a palavra imprensa era freqüentemente medida pela pluralidade”. Trazendo para os dias atuais podemos perceber que nada mudou as grandes empresas de comunicação ainda continuam submissas a grandes corporações e pessoas de alto poder aquisitivo, que diretamente influenciam e praticam a autocensura em suas programações.
Segundo o doutor em Ciências da Comunicação na USP e Pós-Doutorado na University of London (UL), na Inglaterra, Laurindo Leal Filho, a programação televisiva nacional brasileira já foi pior. “Há 10 anos, as críticas eram mais moralistas e conservadoras, muitas delas nostálgicas da censura. Hoje todas as propostas respeitam o jogo democrático e repudiam qualquer cerceamento à livre circulação de idéias. O problema é que a televisão no Brasil se apresenta como um serviço gratuito de informação e entretenimento e como a maioria absoluta da população brasileira só se informa pela TV, fica muito difícil qualquer exercício de crítica mais ampla a esse meio de comunicação. A televisão aberta não é gratuita, o telespectador paga esse serviço quando compra os produtos por ela anunciados. Mas nem isso a televisão deixa claro, inibindo a crítica.”
Atualmente a maioria absoluta da população brasileira só se informa pela TV, mas não sabem que ela não é gratuita, pagamos e compramos pelos produtos anunciados. A sociedade tem necessidade de se expressar sobre o que a TV faz e não encontra canais para isso e alguns setores da sociedade começaram a se manifestar, formando Ongs e campanhas para discutir e rever o papel da TV. E, foi graças a tais iniciativas, que o Ministério Público passou a ser único canal institucional capaz de dar respaldo às reclamações da população em relação à TV. Mesmo assim a imprensa organiza o país e o mundo de acordo com os interesses das camadas dominantes da sociedade, é de interesse das elites que a sociedade continue direcionada a burrice, ignorância e ao conformismo barato.
Por isso temos obrigação de mudar o rumo desta historia. Chega de esconder os programas educacionais nos sonhos das quatro horas da manhã e entupir as mentes da sociedade de “sessão basteirol” e “repetir de novo”, tratando a informação como se ela fosse apenas mais um gênero do entretenimento. Vamos fazer com que resgatem seus valores, suas idéias, seus hábitos e seus costumes, de uma forma inteligente, pois a televisão é o meio de comunicação mais utilizado pelas massas. Trocaremos as baboseiras que passam nos períodos da manhã e tarde e substituiremos por programações sobre os direitos e deveres de cada um perante a constituição, tele cursos 1º e 2º grau, direitos do consumidor, etc.. Fica bem mais fácil falar, reivindicar, debater e exigir, quando temos conhecimento. Como diz o ditado “cabeça vazia casa do diabo”.

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