quarta-feira, 19 de novembro de 2008

UM DIA DE FÚRIA

O dia era de pagamento, muitas pessoas se movimentavam pelas ruas do centro e lotam os bancos para pagar suas dividas, o calor esta insuportável e os ares-condicionados do banco tornam-se um bom lugar pra descansar enquanto aguardamos nossa vez. Entrei no banco e dei de cara com uma multidão de mais ou menos vinte pessoas em uma fila indiana, pensei duas vezes para ver se ia realmente aguardar aquela multidão ser atendida, mim dirigi a atendente para pegar a senha de atendimento dos caixas e o inacreditável aconteceu, eles não tinham senha, eu tinha que esperar um uma fila em pé no mínimo uma hora e meia.
Eu já fiquei estressado e comecei a bater boca com a atendente e perguntei: “minha querida, eu só quero saber o porquê de vocês não estarem cumprindo com o que manda a lei?”, a resposta dela foi um silêncio longo e envergonhado que duraram uns trinta segundos, mas, esses trinta segundos não foram para pensar em uma resposta e sim observar há todos que estavam naquele banco aguardando sua vez para falar com o gerente ou ser atendido no caixa. Quando ele tornou a realidade começou a tentar me enrolar dizendo-me: “o senhor pode esperar aqui na fila para falar com o gerente e ele lhe esclarece melhor. Ainda posso ajudar o senhor?”. Perguntou-me com uma expressão de deboche.
O silêncio tomou conta de meus ouvidos, mas todos estavam falando, dei um giro de 360 graus, olhei para todos que estavam dentro do banco, eles olhavam-me com a expressão e a cara de indignados e ao mesmo tempo conformados com a situação. Alguma coisa os impediam de se manifestar e reclamar por seus direitos, eu só não sabia o que. Foi quando uma senha que estava aguardando sentada retrucou: “meu filho você esta bem? Não se aperreie não que tudo sempre foi assim e não vai mudar tão cedo”.
Sua neta confirmou e aceitou as palavras da sabia anciã com a seguinte frase: “não é rapaz, porque tu vai ligar se ninguém ta nem ai pra isso, olha quanta gente tem aqui e ninguém, mas ninguém mesmo falou nada ate agora”. Tais palavras entraram por meus ouvidos como uma formiga de roça, uma náusea muito forte ocorria em mim, um sentimento de desprezo, não pelas pessoas que estavam ali, mais sim por mim, infelizmente não sei explicar o que senti mais foi muito forte mesmo.
E como Michael Douglas no filme “Um Dia de Fúria”, EXPLODÍ. Comecei a gritar para todos: “eu não acredito que todos vocês não sabem da lei estadual que obriga os bancos a entregarem senhas? Todos deveriam estar sentados e não em uma fila indiana”. Todos ficaram chocados com tamanha revolta. Nós deveríamos ir todos a AOB, ao PROCON e exigir indenizações. Eles estão burlando a lei. Nos não podemos ficar aqui mais de 30 minutos, é contra a lei. Porque vocês não fazem nada?
O final desse filme foi mais triste ainda. Depois de meu desabafo chegaram alguns seguranças do banco e me conduziram para fora, numa boa e ai foi quando a galera que estava dentro do banco começou a pedir para me soltarem e me deixarem fica, pois eu tinha o direito de falar, como a senhora e sua neta disse: “ele tem direito ao livre Arbítrio”. Depois desses acontecimentos os seguranças me soltaram e aproximadamente 50% das pessoas que estavam lá foram na OAB.
Depois disso percebi que só falta um empurrãozinho para toda a sociedade fazer parte da revolução que esta pra chegar.

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