sexta-feira, 14 de novembro de 2008

OS SETE PECADOS DO DETERMINISMO TECNOLÓGICO

É incontestável a contribuição que os avanços tecnológicos tiveram na construção da sociedade pós-moderna brasileira, mas é completamente contraditória em todos os sentidos porque não são todas as pessoas que podem desfrutar de tais tecnologias. Apenas uma minoria burguesa está apta a usar tais benefícios tecnológicos, exibindo de todas as maneiras possíveis suas conquistas capitalistas sobre a sociedade massificada se transformando em um exibicionismo que extrai dos seres humanos os sete pecados capitais, não como uma conotação religiosa, mas sim como forma de perceber com mais clareza os fatores que os influenciam a ira, a gula, a inveja, o orgulho, a avareza, a preguiça e a luxúria.
O primeiro pecado capital é a ira que vem se fortalecendo na sociedade brasileira através da opressão desde o inicio do século XIX quando foi invadido, explorado e teve seus índios dizimados e escravizados pelos portugueses e suas armas, com a alegação de colonização. Depois veio tal revolução industrial acontecida na Europa que beneficiava os proprietários burgueses aumentando seus lucros e desvalorizando o trabalho braçal do proletariado. Para podermos ter uma falsa independência e, conseqüentemente, obtivemos o direito à informação, porque até então a ela não existia para cerca de 80% da população, mesmo que mascarada. É neste ponto que o capitalismo se aproveita para construir um modelo padrão de informação, com o intuito de alienar e trazer a irracionalidade para as massas através do consumo de jornais e futuramente TV e rádio. Com isto ocorreu um crescimento da desigualdade social por conta das elites burguesas usufruírem de todos os avanços tecnológicos possíveis, enquanto o povão amarga uma realidade pobre e desiludida do futuro. Pois a implantação do capitalismo no Brasil causou uma divisão tecnológica, a prova disso é a forma como o sistema de saúde, de educação, de habitação, de econômico, etc., é posto para burgueses e proletariados.
O segundo é a gula intelectual que é entregue a uma minoria de jovens burgueses, eles dispõe de escolas particulares com professores qualificados e de uma gama de ferramentas, tais como bibliotecas, computadores e a internet que os possibilita expandir seus conhecimentos. Para as massas e seus jovens marginalizados a educação sempre foi limitada e precária, já que o direito a educação, segundo o artigo 210, capítulo terceiro, primeira seção da Constituição Federal Brasileira: “serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais”. Atualmente o papo da vez é a inclusão digital um modelo de integração social e cultural voltados pra a sociedade que, está resultando em um simples padrão de qualidade de imagens.
A inveja vem em terceiro e é justamente graças aos meios de comunicação e suas linhas editorias, que só visam os interesses dos donos das empresas. A exploração do grotesco e das noticias factuais introduzem o senso comum, limitando as pessoas ao comodismo da informação e as condicionando a uma “verdade absoluta”. Além de ter no consumo das publicidades e sua produções inimagináveis que acabam estimulando nas massas o desgosto e ao desejo pelos bens do outro, através da dificuldade de admirar o outro e do sentimento de injustiça. Tal estímulo é fortalecido pelo dito popular “Ele é mais do que eu, também quero”, mostrado por alguns programas televisivos que escondem sua verdadeira ideologia educativa e cultural, nos horários mais impróprios para o raciocínio que são às quatro horas da madrugada, mais apropriados as descanso e ao sono, ou seja, esse estímulo sendo acionado em uma sociedade completamente desigual financeiramente culmina em um aumento dos furtos à classe dominante, como forma de satisfação do desejo de posse.
É justamente o orgulho dos nossos governantes e da classe burguesa que alimenta a ira das massas pelo sistema econômico-social adotado. Em que a sensação de que "Eu sou melhor que os outros" por algum motivo é condenada, e ao mesmo tempo aceita é pela maioria das massas, pois já foram enfeitiçados pelo modelo de vida neoliberal. Tipo, as elites adoram se amostrar e mostrar seus utensílios tecnológicos, que custaram uma nota preta, tais como: mansões, carros de luxo e altamente equipados, sem falar da imunidade para com o cumprimento de lei e deveres. Enquanto o pobre vive em condições desumanas e se abrigam num barraco, lembrando que é tudo muito simples, usa os mais variados meios de transportes para se locomover desde ônibus a jumento, se alimentam quando podem, aceitam a imposição social estabelecida pelo capitalismo aos burgueses e acabam acreditando que todo homem de terno é advogado e que todo homem roupa branca, em um carrão de luxo é doutor e se for um carro popular é macumbeiro, geralmente são intitulados de marginais, delinqüentes, vagabundos e desocupados pela lei.
A centralização de poder e capital pelos burgueses, traz a avareza mostrando como se encontra a administração do sistema de saúde de nosso país pelos governantes eleitos por nós e que morrem de medo de perder o status social que possuem, defendendo com todas as armas sua posição. O rico sempre dispõe de plano de saúde ultra, hiper, mega, big, foda. Que dá direito a hospital próprio, estacionamento, equipamentos de última geração, ambulância 24h, pode marcar consulta pelo telefone, instalações climatizadas e quarto individual ou uma enfermaria com limites de vagas. Já o pobre tem que se submeter aos mini pronto-socorros superlotados e quando estão funcionando, geralmente, suas instalações estão mofadas, úmidas, sujas, favorecendo a propagação de infecção hospitalar, não possuem médicos de plantão e a maior parte do dia seu efetivo é só de enfermeiros. Se depois disso tudo ele não conseguir ser atendido, terá que ir para o pronto-socorro e deparar-se com outra superlotação, encontrar uma vaga nos quartos é o bicho, então fica mofando no corredor, os médicos em sua grande maioria são residentes, estudantes de enfermagem, trabalhando sem recursos, tanto financeiro como material, com excesso de horas. E enquanto isso o pobre já morreu lá atrás no corredor. Um sistema falido que mostra toda a incompetência dos responsáveis por sua manutenção e lembrando que se o sistema de saúde funcionasse corretamente não existiria hospital particular e nem planos de saúde.
O penúltimo completa aniversário toda segunda-feira do ano graças aos meios de comunicação, ela é a preguiça que simboliza a aversão ao trabalho e a negligência. Foi justamente com este intuito que o modelo da pirâmide invertida foi implantado no jornalismo pós-moderno, obrigando o jornalista a seguir um padrão, um esquema de perfeição da notícia de forma que o receptor não consiga exercer nenhuma reação reflexiva a respeito das informações passadas. Com isto a sociedade, que já é carente de um senso crítico, segue crença básica da preguiça que é "Não necessito aprender nada", levando-o a um movimento freador das idéias e ações dentro das organizações que no cotidiano é traduzido pelo "deixa para depois".
E a última é um dos principais ícones da atualidade, ela é a luxúria que através do crescimento da internet e sua popularização entre pessoas de todo o mundo, causou uma impulsividade desenfreada, um prazer pelo excesso sexual. Será que Freud estava mesmo certo sobre sua teoria de que, o ser humano só pensa em sexo? Os valores culturais desapareceram principalmente da música, perdendo a tonalidade crítica que continha a essência da arte em suas letras, muito bem escritas por Renato russo, Cazuza, Lobão, Luiz Gonzaga, etc, dando espaço para a vulgaridade depravada de banda como saia alguma coisa, limão com capim, que tem em suas letras o cultivo da traição, da bebedeira e do sexo. Tais vulgaridades são jogadas diariamente para as massas pelas rádios buscando somente entretê-las e aliená-las.
É por conta destes pecados que a sociedade brasileira vem diariamente se desgastando com toda esta desigualdade social e, ao mesmo tempo, se utilizam das próprias ferramentas oferecidas pelo capitalismo para a sua evolução. O determinismo tecnológico se alimenta destes pecados para solidificar a base estrutural do capitalismo impondo e imaginado que durará para sempre tal sistema de dominação.

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